Linha de Chegada https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br O blog onde atletas amadores e ultramaratonistas correm lado a lado Mon, 06 Dec 2021 21:28:58 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Como é participar de uma corrida de rua virtual; desafios online crescem durante pandemia de coronavírus https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/2021/01/04/como-e-participar-de-uma-corrida-de-rua-virtual-desafios-online-cresceram-durante-pandemia-de-coronavirus/ https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/2021/01/04/como-e-participar-de-uma-corrida-de-rua-virtual-desafios-online-cresceram-durante-pandemia-de-coronavirus/#respond Mon, 04 Jan 2021 14:21:06 +0000 https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/files/2021/01/IMG_6961-2-300x215.jpg https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/?p=607 As corridas de rua ainda continuam sem previsão de retorno, uma vez que estão diretamente atreladas à vacinação geral da população contra a Covid-19. Com a suspensão das provas, em São Paulo desde março do ano passado, os organizadores precisaram se adequar ao momento, e foi aí que as competições virtuais ganharam força.

Esse tipo de prova não foi criado apenas quando a pandemia de coronavírus surgiu no mundo. Aplicativos de corrida, como Runkeeper e Strava, já realizavam desafios virtuais para agregar e motivar sua comunidade de atletas.

A Covid-19, no entanto, foi o pontapé para o crescimento. Apenas no 99Run, aplicativo de corrida criado em 2016 que atualmente coordena mais de 360 provas virtuais, o aumento foi de 300% em 2020.

Mas como funciona uma corrida virtual? O processo de inscrição é basicamente o mesmo, já que as provas costumeiramente realizam o cadastro dos participantes de maneira online. A diferença começa com o kit, pois ele é enviado para o endereço do atleta, para não formar aglomerações na retirada.

Depois de inscrito, o corredor escolhe quando vai percorrer a distância escolhida, dentro do período indicado pela prova. A comprovação pode ser feita por meio do aplicativo escolhido pela organização ou com print em qualquer ferramenta que marque distância e tempo.

Chamada pela Granado em outubro, eu vivenciei, pela primeira vez, como é participar de uma prova virtual. Com processo de inscrição diferente, já que foi por convite, a minha experiência é sobre a corrida em si.

E essa corrida não é muito diferente de um treino. Você está sozinho, sem aquele competidor à sua frente para tentar acompanhar ou alguém ultrapassando para motivar. Então, se a prova é tida como um esporte solitário, um desafio virtual consegue ser mais ainda.

A motivação, na verdade, vem de outra forma. Como há um período para que tal distância seja percorrida, e não um momento apenas, no dia da prova, a cada treino eu tentava melhorar meu pace, já que não estava correndo mais do 5 km. Você realmente está competindo contra você mesmo, sem comparações, e achei isso um excelente diferencial.

Esse tipo de prova, porém, tem um ponto de atenção bem grande. Depois de percorrer, você tem que cadastrar seu resultado no site até a data programada (grave bem esta informação).

Esqueceu a data? Não tem choro. Você, claro, colheu todos os benefícios da prática, talvez já até tenha a medalha porque veio junto com o kit, mas não tem parâmetro com os outros participantes (caso esteja se perguntando, sim, eu esqueci de cadastrar meu resultado).

No fim das contas, o saldo é mais positivo do que negativo, pois é uma motivação para seguir na prática em tempos em que estamos tão isolados e manter a saúde em dia se torna muito importante –sempre tendo em mente os devidos cuidados como distanciamento social e uso de máscaras, além de não fazer parte ou conviver com pessoas do grupo de risco.

E que tal dar uma olhada em alguns dos desafios já programados para 2021? Corre lá e confere!

5º Corre em Casa Desafio 30 km
Inscrições: até 13 de janeiro, pelo site
Distâncias: 5 km, 9 km, 16 km e 30 km ou 5 km + 9 km + 16 km (totalizando 30 km)
Período para correr: 29 de janeiro a 7 de fevereiro

1ª Corrida Virtual Graacc
Inscrições: até 28 de fevereiro, pelo site
Distâncias: 3 km, 5 km, 10 km, 21 km e 42 km
Período para correr: até 28 de fevereiro

Cosan Venus VR
Inscrições: até 31 de janeiro, pelo site
Distâncias: 5 km, 10 km e 15 km
Período para correr: até 31 de janeiro

Maratona Internacional de São Paulo Virtual
Inscrições: até 31 de março, pelo site 
Distâncias: 3 km (também caminhada), 5 km (também caminhada), 10 km, 15 km, 21 km e 42 km
Período para correr: até 5 de abril

Meia Maratona Internacional de São Paulo Virtual
Inscrições: até 31 de março, pelo site
Distâncias: 3 km (também caminhada), 5 km (também caminhada), 10 km, 15 km e 21 km
Período para correr: até 5 de abril

Meia Maratona Internacional do Rio Virtual
Inscrições: até 31 de março, pelo site
Distâncias: 3 km (também caminhada), 5 km (também caminhada), 10 km, 15 km e 21 km
Período para correr: até 5 de abril

Mulher-Maravilha Desafio Virtual
Inscrições: até 31 de março, pelo site
Distâncias: 3km (também caminhada), 5 km (também caminhada), 10 km, 15 km, 21 km e 42 km
Período para correr: até 5 de abril

Volta Internacional da Pampulha Virtual
Inscrições: até 20 de abril, pelo site
Distâncias: 3 km (também caminhada), 5 km (também caminhada), 10 km, 15 km e 18 km
Período para correr: até 23 de abril

Circuito Paulista Run21k VR – ABC
Inscrições: até 30 de junho, pelo site
Distâncias: 3 km, 5 km, 10 km e 21 km
Período para correr: até 30 de junho

Desafio La Casa de Pastel – Hot Dog
Inscrições: até 31 de dezembro, pelo site
Distâncias: 3 km, 5 km, 10 km, 15 km e 42 km
Período para correr: até 31 de dezembro

Desafio Candy Run
Inscrições: até 31 de dezembro, pelo site
Distâncias: 3 km, 5 km, 10 km, 15 km, 21 km e 42 km
Período para correr: até 31 de dezembro

Fantastic Run – Unicórno
Inscrições: até 31 de dezembro, pelo site
Distâncias: 3 km, 5 km, 10 km, 15 km, 21 km e 42 km
Período para correr: até 31 de dezembro

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Como é um treino de eletroestimulação, em que o músculo recebe ‘choques’ https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/2020/10/06/como-e-um-treino-de-eletroestimulacao-em-que-o-musculo-recebe-choques/ https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/2020/10/06/como-e-um-treino-de-eletroestimulacao-em-que-o-musculo-recebe-choques/#respond Tue, 06 Oct 2020 14:00:27 +0000 https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/files/2020/10/16019496525f7bcfd4c331d_1601949652_3x2_md-300x215.jpg https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/?p=574 Ter músculos fortes é um dos pré-requisitos para quem pratica corrida, principalmente nas pernas e abdômen. Ficar levantando pesos e fazendo agachamentos na academia durante quase uma hora, porém, pode ser bastante entediante para muitos corredores. Ao menos, é para mim.

A convite da miha, empresa alemã que fabrica aparelhos de eletroestimulação, realizei um treino para descobrir como é essa prática que volta e meia ganha os holofotes. Mas, antes de entrar em detalhes sobre a experiência, é preciso que o leitor entenda o que é essa tal de eletroestimulação.

“É uma técnica que promove uma contração muscular involuntária por meio de um impulso elétrico”, explica Márcio Lui, embaixador da empresa e personal trainer. Trocando em miúdos, são “choques” controlados que chegam a ativar mais de 300 músculos em uma sessão que dura cerca de 20 minutos.

Para que esses impulsos elétricos sejam gerados, quem realiza o treino utiliza uma roupa especial úmida por debaixo de um colete no tronco e tiras nas pernas, nos braços e nos glúteos, que vão receber a corrente.

Na prática, o treino não varia muito de um treino funcional, que usa o peso do próprio corpo em vários exercícios. A diferença está realmente no estímulo elétrico, que gera um desconforto inicial, por ser uma sensação diferente, e torna alguns movimentos mais difíceis –para mim, foi no de tríceps, quando o braço parecia travar.

Na sessão que fiz, foram 20 minutos de treino de força, que passaram voando, e outros 10 minutos voltados para o cardiorrespiratório. Nesse caso, intercalam-se séries curtas de polichinelos e corrida com joelho no alto, por exemplo, com um trote leve.

O maior baque veio mesmo nos dias seguintes. Devido à pandemia, minha rotina de treinos tem se dividido entre dois dias de funcional e dois de ioga, via aplicativo, além de um a dois treinos leves de corrida por semana. Ou seja, sem ganhos significativos de hipertrofia, com foco apenas em diminuir a perda de condicionamento.

Domingo e segunda-feira após a sessão, ou seja, passadas entre 48 horas e 72 horas, lembrei que meu corpo é formado por músculos. Vários deles, inclusive. Parecia que eu havia ficado completamente parada por, no mínimo, uns três meses.

Treino de eletroestimulação realizado no estúdio e-Body Brasil, em São Paulo (Arquivo pessoal)
Treino de eletroestimulação realizado no estúdio e-Body Brasil, em São Paulo (Arquivo pessoal)

Um dos motivos dessa dor “profunda” está nos níveis alcançados pela eletroestimulação. “[Nesse tipo de treino] você consegue alcançar um número maior de fibras musculares em treinos mais curtos”, explica a especialista em medicina esportiva, Renata Castro.

“Isso quer dizer que, na coxa, por exemplo, um músculo grande, quando se faz um agachamento, treina-se essa musculatura, mas não necessariamente se usa todas as fibras musculares para aquele exercício”, esclarece Castro. “No treino de eletroestimulação, faz-se o agachamento levando os tais ‘choquinhos’, recrutando um maior número de fibras. O resultado é um gasto energético maior e mais trabalho da musculatura, principalmente as fibras mais profundas.”

Segundo Lui, a sessão continua gerando efeito nas células musculares até 72 horas depois de terminada, o que leva a um gasto energético decorrente do treino neste período também.

MAS A ELETROESTIMULAÇÃO TEM VANTAGENS EM RELAÇÃO À MUSCULAÇÃO?

Um estudo da Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, de 2009, comparou a realização da musculação com um treino de eletroestimulação em mulheres com idade entre 19 e 21 anos que não realizavam atividade física havia mais de um ano.

Nos treinos de musculação foram utilizadas pesos de 40% da carga máxima, enquanto o aparelho eletroestimulador foi programado com uma frequência de 0,538 Hz. Segundo a pesquisa, não houve diferenças significativas entre os dois métodos para melhora na capacidade física e no aumento de força.

Castro ressalta, porém, que esse tipo de pesquisa apresenta certos desafios na realização. “Quando se avalia respostas a um tipo de treinamento, como os treinos são muito individualizados, tanto a EMS quanto a musculação, fica difícil fazer comparação em estudo científico, além da individualidade biológica [de cada participante].”

Lui destaca ainda que a eletroestimulação oferece resultados similares ao treino convencional com sessões menores, além de ter menor impacto muscular. Além disso, o personal trainer explica que o treino segue fazendo efeito mesmo após sua realização. “A sessão continua reverberando nas células musculares até 72 horas depois do término, assim como há gasto energético decorrente do treino neste período também.”

Já para os corredores, Vitor Morigge, coordenador da unidade Jardins do estúdio de eletroestimulação e-Body Brasil, explica que o rendimento tende a aumentar e ganhar em qualidade, bem como melhorar a postura, a força e o equilíbrio no assoalho pélvico.

E QUAIS SÃO OS RISCOS DA ELETROESTIMULAÇÃO?

A recomendação antes de qualquer treino, inclusive o de eletroestimulação, é passar por uma avaliação clínica, tanto para analisar o nível de atividade quanto se há qualquer alteração renal. “Quando se faz muita atividade muscular, os músculos liberam creatina, que, em excesso, pode gerar alteração renal”, explica Castro.

Morigge afirma que pessoas com epilepsia, marca-passo cardíaco artificial, implantes médicos ativos, hérnia de parede ou inguinal, tuberculose, distúrbios circulatórios graves e hemofilia, além de grávidas, não podem realizar o treino.

Outro ponto de atenção é quanto ao excesso de treinamento. O estúdio e-Body Brasil só autoriza duas sessões semanais, por exemplo. “Caso se queira fazer outros tipos de exercícios físicos, não há problema algum, desde que respeitado o descanso do corpo. Em dias de treino de eletroestimulação, não recomendamos ir à academia ou fazer um treino funcional, pois há sobrecarga”, explica Lui.

Castro complementa que esse descanso se faz necessário. “Mesmo com a musculação tradicional, o ideal é que o músculo tenha 48 horas de repouso”, explica.“O treino de EMS vai pegar todas as cadeias musculares, e a princípio não precisa complementar com musculação tradicional.”

Apesar de seus benefícios, em especial para quem tem baixa aptidão física, a eletroestimulação acaba tendo como desvantagem o preço. Um treino personalizado de 20 minutos (uma vez por semana) custa a partir de R$ 110, no estúdio e-Body Brasil, segundo Morigge. Há planos mensais, trimestrais, semestrais e anuais, que variam de acordo com o local onde será realizado.

O treino de eletroestimulação foi realizado a convite da miha.

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‘Cada km é por ele’, diz atleta que buscou na corrida uma forma de lidar com a perda do irmão https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/2019/10/17/cada-km-e-por-ele-diz-atleta-que-buscou-na-corrida-uma-forma-de-lidar-com-a-perda-do-irmao/ https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/2019/10/17/cada-km-e-por-ele-diz-atleta-que-buscou-na-corrida-uma-forma-de-lidar-com-a-perda-do-irmao/#respond Thu, 17 Oct 2019 14:00:30 +0000 https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/files/2019/10/15712814665da7da3aeba43_1571281466_3x2_md-300x215.jpg https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/?p=229 Só quem já perdeu alguém próximo sabe que o processo de luto não é fácil e que cada um tem uma forma diferente de lidar. A jornalista e maratonista Mônica Magalhães encontrou na corrida esse consolo para a morte prematura do irmão em um acidente de carro.

Ela já praticava o esporte e tinha o irmão como seu grande incentivador. Foi ele quem a fez correr a São Silvestre e é com ele que ela conversa durante os quilômetros percorridos.

Tem uma história de superação na corrida ou participou de uma prova inspiradora? Envie seu relato para o email linhadechegadablog@gmail.com

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Reconheci que precisava de ajuda em meados de 2014. A ficha caiu ao ver uma foto minha. De repente, não me reconhecia na imagem. Naquele momento o sobrepeso já criava sérios problemas de autoestima. Eu sabia que estava caminhando para um quadro de depressão e não conseguiria dar a volta por cima sem apoio.

Com a ajuda da minha mãe, busquei auxílio profissional. Foi o primeiro passo. Eu estava preparada para mudar totalmente meu estilo de vida. Passei a frequentar a academia e a me dedicar a reeducação alimentar.

O convite para a corrida surgiu no mesmo ano e veio do meu pai. Tratava-se de uma prova beneficente, com o valor das inscrições revertido para as crianças de um orfanato em Itaquaquecetuba (SP). Tocada pela causa, aceitei o desafio. Para minha surpresa e felicidade, conclui os 6 km e subi ao pódio como terceira colocada na minha categoria.

Passei a fazer parte do Suando a Camisa —grupo de amigos corredores. Um ano depois, veio a primeira meia maratona. Desde então, tenho tido o privilégio de colecionar boas histórias de superação e bons amigos— chamados carinhosamente de ‘môs benzinhos’.

Meu irmão, meu grande companheiro de jornada, era também o meu maior incentivador e fã. Um dia, quando ele me perguntou por que eu não faria a São Silvestre, me lembro de ter rebatido, como quem olha assustada para um dinossauro. “Tá louco, gordinho?! São QUINZE quilômetros”. A resposta veio com descontração e orgulho: “Você consegue, Moniquinha! Você é atleta”. Ele nunca soube, mas no ano seguinte eu busquei a medalha da tradicional prova para ele.

Dez meses antes de eu cruzar a linha de chegada na avenida Paulista, o perdi em um acidente automobilístico, em fevereiro de 2018. A São Silvestre passou a ter um outro significado na minha vida.

Oito meses após o acidente, durante os primeiros quilômetros da minha primeira maratona trail, fui mais uma vez tomada pelas lágrimas da saudade avassaladora. Cheguei a pensar que não iria até o fim do percurso. Me lembrei daquele sorriso lindo, daquela alegria contagiante e passei a conversar com ele em pensamento. Aos poucos fui me acalmando.

Quando me dei conta, estava sorrindo e cantarolando as músicas que ele adorava. Naquele dia, cruzei a linha de chegada como a quarta colocada na minha categoria e subi ao pódio com o rosto dele estampado na camisa.

A cada medalha conquistada ainda ouço a voz do meu irmão dizendo orgulhoso: “Parabéns, Moniquinha!”. É o que me faz seguir em frente. Eu calço o tênis, não para correr, mas para encontrá-lo e homenageá-lo. É um momento nosso, meu e dele.

É o momento de relembrar os 27 anos em que tive o privilégio de ser a irmã, a cúmplice, a ‘parça’, e a Moniquinha do cara mais incrível que eu já conheci! Por isso, cada passada, cada quilometro é por ele. É para ele. O grande amor da minha vida!

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‘A corrida ajudou a salvar a minha vida’, diz corredor que perdeu quase 70 kg https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/2019/08/19/a-corrida-ajudou-a-salvar-a-minha-vida-diz-corredor-que-perdeu-quase-70-kg/ https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/2019/08/19/a-corrida-ajudou-a-salvar-a-minha-vida-diz-corredor-que-perdeu-quase-70-kg/#respond Mon, 19 Aug 2019 12:00:52 +0000 https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/files/2019/08/15659892075d5719572ffc6_1565989207_3x2_md-300x215.jpg https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/?p=129 A corrida é sinônimo de superação para todos que a praticam. Seja em alcançar a linha de chegada dos seus primeiros quilômetros, diminuir o pace ou vencer pela sétima vez uma maratona, cada treino e cada prova geram uma satisfação única.

Mas o jornalista Carlos Manoel diz que o esporte tem um significado maior: quando começou a correr, renasceu. Até pouco mais de um ano atrás, pesava quase 140 quilos. “Chegou um momento em que meu corpo cansou e gritou por socorro.”

Com sua primeira meia maratona completada no fim de julho —o que reconhece ter sido um risco com pouco tempo de prática—, ele agora quer percorrer ainda mais quilômetros.

Tem uma história de superação na corrida ou participou de uma prova inspiradora? Envie seu relato para o email linhadechegadablog@gmail.com

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Há pouco mais de um ano eu renasci. Pode parecer exagerado para alguns essa minha afirmação, mas sinto que ganhei uma nova chance de viver no dia 20 de julho de 2018. Eu era obeso. Pesava quase 140 quilos na época. Tinha hipertensão arterial e por muito pouco não sofri uma crise hepática devido à grande quantidade de gordura no fígado.

Vivia com dores de cabeça, quase que diárias, além de sérios problemas no estômago, como a gastrite. Colesterol e diabetes estavam sempre no limite. Saía de casa apenas para comer e beber. E comia e bebia como se não houvesse o amanhã, que quase não existiu.

Não tinha disposição para subir escadas, passear com os cachorros, muito menos praticar atividade física. Sofria para amarrar o meu próprio tênis.

Mas até então, para mim essas condições e limitações não tinham importância. Eu simplesmente aceitava e, infelizmente, não fazia nada para mudar.

Só que chegou um momento em que meu corpo cansou e gritou por socorro. A mente demorou um pouco para entender a necessidade, mas acabou atendendo ao pedido e decidi mudar. Fui salvar a minha vida.

No dia 20 de julho de 2018 fui submetido a uma gastrectomia vertical. E consegui superar a obesidade. Hoje peso aproximadamente 70 quilos, não uso mais medicamentos para controlar a pressão arterial e meu fígado é saudável. As dores de cabeça e os problemas no estômago acabaram. Colesterol e diabetes foram totalmente controlados.

O jornalista Carlos Manoel em julho de 2018, quando pesava quase 140 kg (Arquivo pessoal)
O jornalista Carlos Manoel em julho de 2018, quando pesava quase 140 kg (Arquivo pessoal)

E nesse processo de emagrecimento/salvamento de vida, encontrei na corrida uma maneira prazerosa de voltar a praticar atividade física. E desde os primeiros treinos, que tiveram início somente em dezembro passado, após um árduo pós-operatório com direito a dores nas costas e a perda de quase toda massa magra, não parei mais.

Fui evoluindo aos poucos, adquirindo condicionamento físico e em janeiro, exatamente seis meses após a cirurgia, participei da minha primeira corrida. Uma prova de apenas quatro quilômetros aqui na capital paulista, mas o suficiente para ver que estava no caminho certo e que eu tinha que seguir em frente.

Após esta prova vieram os seis quilômetros, oito, 10, 15 e uma meia maratona. Sim, no último dia 27 de julho, pouco mais de um ano após o meu ‘renascimento’, participei de uma meia maratona, a SP City.

E aquilo que era inimaginável para mim e para todos aqueles que me conheciam, aconteceu. Corri 21,097 quilômetros em 2h18min pelas principais ruas e avenidas de São Paulo, a cidade que escolhi para viver e me acolheu tão bem.

Me precipitei em participar de uma meia maratona com pouco mais de seis meses de treino? Talvez. Mas, encarar uma prova desse tamanho era algo desafiador para mim. E eu, como muitos que acompanham o blog, sou movido a desafios. São eles que me fazem sentir vivo.

Mas, assim como tudo o que aconteceu comigo nos últimos meses, a corrida não foi fácil. A ansiedade na largada no Pacaembu, o frio no Minhocão, a emoção em passar pelo centro da cidade, a superação para subir a 23 de Maio, o controle para descer para o Ibirapuera, o cansaço para atravessar os túneis e chegar na marginal Pinheiros e, por fim, a superação, a força que veio do fundo da alma para completar a prova no Jockey Club.

21 quilômetros correndo e pensando em tudo o que aconteceu comigo nos últimos meses, em tudo o que fiz para conseguir superar mais um desafio. E essa reflexão durante o percurso, em meio a centenas de pessoas com os mais variados objetivos, me fez ter ainda mais certeza em continuar correndo, na busca por novos desafios.

A corrida ajudou a salvar a minha vida. Me sinto outra pessoa, literalmente. O próximo passo é me tornar um maratonista. E eu vou conseguir.

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Volta à Ilha foi a primeira e a última corrida de aventura para mim, diz atleta https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/2019/08/06/volta-a-ilha-foi-a-primeira-e-a-ultima-corrida-de-aventura-para-mim-diz-atleta/ https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/2019/08/06/volta-a-ilha-foi-a-primeira-e-a-ultima-corrida-de-aventura-para-mim-diz-atleta/#respond Tue, 06 Aug 2019 14:00:51 +0000 https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/files/2019/08/15650412575d48a269c4744_1565041257_4x3_md-300x215.jpg https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/?p=117 Participar da Volta à Ilha pode ser o sonho de muito corredor espalhado pelo Brasil, principalmente daqueles que não contam com a variedade de terrenos disponíveis em Florianópolis.

O corredor Wesley Faraó Klimpel —que também é jornalista da Folha e marido desta blogueira— morou por seis anos na ilha, mas foi ouvir falar da prova pela primeira vez quando já estava em São Paulo. Decidiu, neste ano, topar o desafio proposto por seu instrutor à época da prova.

Ele pratica corrida regularmente há cinco anos e já participou de provas com diversas distâncias, desde 5 km até a tão desejada maratona, todas em terreno regular. Mas descobriu que, no esporte, sua praia não é feita de areia —prefere mesmo é o tênis no asfalto.

Tem uma história de superação na corrida ou participou de uma prova inspiradora? Envie seu relato para o email linhadechegadablog@gmail.com

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Corro regularmente desde 2014, quando passei a ter acompanhamento de uma assessoria esportiva. A parceria era a distância, e o técnico, de Florianópolis, enviava as planilhas por email ou por aplicativo, enquanto eu, em São Paulo, fazia o treino e preenchia digitalmente. Foi assim por cinco anos e várias provas, entre elas quatro meias e uma maratona. Com esse treinamento, cheguei ao pace 4’21” em corridas de rua.

Como dizem, a corrida é um esporte individual, o que me faz ser o meu principal companheiro e adversário. Uso os longões para debater internamente questões pessoais e as provas para superar meus ‘eus’ passados. Mas sempre gostei de esportes coletivos e de ter novas experiências. Por isso, quando meu técnico falou sobre a Volta à Ilha, fiquei prontamente interessado.

Você nunca ouviu falar na prova? Nem eu, mesmo tendo morado em Florianópolis por seis anos. Como o próprio nome diz, é uma volta no “pedacinho de terra perdido no mar” que forma boa parte da capital catarinense. Equipes de duas a dez pessoas correm 144 km, que circundam quase totalmente a ilha.

De São Paulo, eu via postagens em redes sociais sobre a prova, mas não tinha noção de como ela era. Quando minha assessoria esportiva começou a falar a respeito, meses antes da prova, eu me inscrevi, sem pesquisar o trajeto. Esse foi o primeiro erro da minha experiência.

Foi criado um grupo de WhatsApp semanas antes da prova. Por morar em SP, desconhecia a maior parte da equipe. Logo vi que a turma era rápida, com pace médio entre 4’30” e 5’.

Acostumado com as provas de rua, em que me inscrevo, pego o kit de competidor um dia antes e apareço no local e horário da corrida, fiquei surpreso com a logística necessária para a Volta à Ilha, uma competição que começa antes das 7h e termina à noite.

Nossa equipe (de oito pessoas) teria uma van e uma moto, ambas com motorista para dar conta do esquema: enquanto um corredor larga no ponto A, o competidor do trecho seguinte deve ir ao ponto B para receber o bracelete e seguir correndo.

Os atletas que não estivessem participando estariam na van, que faria grande parte dos trajetos. A moto seria usada nos momentos de maior trânsito ou maior urgência. A van teria também um estoque de frutas, água e energéticos, para que todos pudessem se alimentar entre seus trechos. E todos deveriam levar seus próprios alimentos.

A prova é dividida em 18 trechos, com níveis como “fácil”, “moderado”, “difícil”, “muito muito difícil” e “o mais difícil”, e distâncias de 4 km a 16,4 km. Para completar o quadro, há diferentes tipos de terreno, como asfalto, praia, trilha e estrada de terra.

O instrutor, que também era integrante da equipe, fez uma divisão para que todos percorressem ao menos dois trechos durante o dia, com um bom intervalo de descanso para cada um. Pelo meu pace em asfalto, fui escalado para fazer um trajeto entre a Praia Brava e a Praia dos Ingleses, de 5,2 km, em que teria praia, trilha e praia, e a famigerada Estrada do Sertão, o pedaço mais difícil e o mais longo, de 16,4 km.

Por coincidência, semanas antes da prova passei alguns dias em Floripa, de férias, e pude treinar na tal Estrada do Sertão. Numa manhã de céu nublado, eu, descansado, subi o morro de terra correndo. Após 500 metros parei. Tentei ver o lado positivo da situação e pensei que estava só fazendo um reconhecimento do percurso. Continuei o trecho alternando entre caminhadas e corridas, em meio a subidas e descidas íngremes.

Dias depois, refiz o trajeto, mais rápido, mas ainda assim alternando entre caminhadas e corridas, e desapontado comigo mesmo por não conseguir subir tudo correndo. Torci para que eu estivesse em melhor forma no dia da Volta à Ilha.

Chegada a data, estava no ponto de encontro antes das 5h. De lá, partiriam as três equipes da assessoria esportiva: uma masculina, uma feminina e a minha, mista. Ali entendi que precisa ter experiência para organizar um time, já que todos tinham uma van e uma moto ou então dois carros. Foi ali, também, que conheci os demais integrantes do meu grupo.

Eu era o último da minha equipe a largar, e vi um a um fazer seu trecho e voltar cansado ao carro. Os primeiros percursos, mais fáceis, eram no asfalto, ainda antes do amanhecer. Mas, quando o sol começou a ficar mais forte, senti que a situação complicaria para o meu lado.

Larguei por volta das 10h, com sol forte e areia fofa. O pior, porém, foi na trilha. Escorregadia, íngreme e cheia de pedras, tive que alternar entre corrida e caminhada para poder escolher as rochas em que pisaria, além de deixar passar outros competidores. Finalizei meu trecho com pace de 6’14”.

Enquanto esperava meu próximo trajeto, vi atletas subindo morros íngremes, embaixo de um sol escaldante, e comecei a me arrepender de estar ali —eu já havia corrido 4 horas seguidas, com chuva em alguns momentos, e não entendia o sentido de ficar o dia todo em um carro, pegando trânsito, para percorrer trajetos insalubres.

Chegou então minha hora de enfrentar a Estrada do Sertão, mas agora para valer. Tive a companhia do sol apenas no início, na praia, mas o calor foi constante por todo o trecho. No morro, repeti a toada dos treinos: caminhada e corrida. Ali, todos os competidores faziam a mesma coisa, exceto duas pessoas, que subiram a colina toda sem caminhar. Quando superei o morro, me toquei que ainda teria cerca de 7 km em asfalto, com subidas e descidas leves. Mesmo assim, cansado, continuei intercalando as velocidades.

Só queria tomar banho, comer e descansar quando finalizei meu trecho. Mas ainda precisava esperar minha equipe completar outros dois percursos. Seguimos para a linha de chegada, onde todos os competidores se reuniriam. Aos poucos, foram chegando os atletas que estavam correndo o derradeiro trecho do dia.

Um atleta da minha equipe falou que adora corridas com trilhas ou meias e maratonas, e que não faz provas de 10 km porque não desenvolve velocidade. Percebi, em Floripa, que minha praia é a corrida no asfalto, em que posso desenvolver velocidade, sem me preocupar com pedras escorregadias, galhos de árvores ou buracos de terra batida. No fim das contas, a Volta à Ilha foi a primeira e última corrida de aventura para mim.

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Correr maratona da Disney não é só correr 42 km, diz atleta que venceu a prova 7 vezes https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/2019/07/26/correr-maratona-da-disney-nao-e-so-correr-42-km-diz-atleta-que-venceu-a-prova-7-vezes/ https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/2019/07/26/correr-maratona-da-disney-nao-e-so-correr-42-km-diz-atleta-que-venceu-a-prova-7-vezes/#respond Fri, 26 Jul 2019 18:30:41 +0000 https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/files/2019/07/FredisonDisney-300x215.jpg https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/?p=90 Baiano de Riachão do Jacuípe, Fredison Costa já completou várias provas. Só das maratonas e meia-maratonas mais notáveis que venceu, ele soma 590,723 quilômetros percorridos. São mais de cem linhas de chegada cruzadas em primeiro lugar, sendo sete delas na Walt Disney World Marathon.

Corredor competitivo há mais de 20 anos, o educador físico baseado em Orlando, na Flórida (EUA), relata abaixo como é se preparar e vencer a prova que percorre os parques da Disney e o complexo esportivo da ESPN.

Tem uma história de superação na corrida ou participou de uma prova inspiradora? Envie seu relato para o email linhadechegadablog@gmail.com

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Os meus treinos para correr a maratona da Disney são duros. Não é diferente, para qualquer maratona é assim também, mas principalmente porque é um período festivo, de Natal e Ano-Novo, e muitas pessoas convidam para eventos, ceia, festa da virada. Tento evitar comer errado, precisa dormir cedo, pois no dia seguinte o treino tem que continuar e você também tem que manter o foco na prova.

Uma grande dificuldade é fazer esses treinos pesados e, na maioria das vezes, às 5h (que é o horário da prova), quando ainda está escuro e às vezes frio.

Já correr a maratona da Disney não é simplesmente correr 42 quilômetros e 195 metros. É completar essa distância com muita magia e toda essa questão da Disney, dos famosos personagens e dos parques, sendo algo bem diferente de qualquer outra maratona pelo mundo. Tem também o clima, pois a Flórida fica em região de pântano, então sempre podemos ter surpresas como baixas temperaturas e alta umidade, que é um desafio adicional.

É uma prova plana, apesar de vários cotovelos, onde você tem uma quebra de ritmo, o que não é tão legal. O público é muito animado e feliz, com muitas pessoas vindo correr caracterizadas como Mickey, Minnie e outros personagens. É muito bacana e muito bonito. A prova passa pelos parques da Disney e pelo complexo de esportes da ESPN (local dos meus treinos), onde são realizados eventos de mais de 50 modalidades esportivas, com a maratona passando por dentro desse complexo, pela própria pista de atletismo e por um campo de beisebol.

O público, quando você entra no Magic Kingdom (logo no início, lá pelo quilômetro 8), está incentivando e torcendo, tocando sinos. São desde crianças até pessoas de idade, mesmo no frio às 5h30. É mágico! A passagem pelo castelo também é algo muito especial. E tudo isso faz dessa prova uma experiência diferente e única.

Não que as outras maratonas não tenham o seu charme, mas sem dúvida a Disney tem essa magia que te faz correr de uma forma que não percebe que se está correndo a distância.

E não é fácil vencer, mas eu diria que é ainda muito mais difícil se manter no topo, defender o título. Precisa ralar muito, focar bastante, ter muita motivação, apoio dos familiares, amigos, fãs e patrocinadores. A sensação de correr sem ninguém na frente é muito gostosa para qualquer atleta, e cruzar a linha de chegada em primeiro lugar também é incrível, ainda mais na Disney, sendo recebido por uma chuva de papéis e pelo personagens, sempre com o Mickey e a Minnie esperando.

É sempre mágico, e todo ano é diferente. As pessoas dizem que devo estar acostumado e que é igual, mas não é. Todo momento é único, especial. É aquele momento e acabou.

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