Linha de Chegada https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br O blog onde atletas amadores e ultramaratonistas correm lado a lado Mon, 06 Dec 2021 21:28:58 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Quem são os corredores que participam da ultra trail mais desafiadora do mundo https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/2019/11/15/quem-sao-os-corredores-que-participam-da-ultra-trail-mais-desafiadora-do-mundo/ https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/2019/11/15/quem-sao-os-corredores-que-participam-da-ultra-trail-mais-desafiadora-do-mundo/#respond Fri, 15 Nov 2019 03:02:02 +0000 https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/files/2019/11/c3e559f0e027d29cfd15e30f5e1a1393966caa5bf621f100b5e42c85c265f9f1_5d6b917eab0bc-300x215.jpg https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/?p=284 “Uma sensação maravilhosa.” Dificilmente essa frase seria ouvida após duas noites sem dormir (ou mal dormidas) e 170 km percorridos a pé. Mas quem termina a Ultra Trail du Mont Blanc, queridinha de quem prefere o chão batido ao asfalto, diria algo diferente disso.

Este ano, quase 10 mil pessoas participaram da largada em Chamonix, na França, no dia 31 de agosto, em diferentes modalidades. Desses, 2.300, o limite da prova, participaram da competição mais desafiadora: a Ultra Trail de 170 km, com mais de 10 mil metros de subida no total.

Mas não são todos que cruzam a linha de chegada. Em 2017, pouco mais da metade conseguiu o feito. E desses, segundo um estudo realizado com 303 participantes da prova, 72% relataram ter ficado acordado durante toda a corrida.

Como muitos levam mais de 24 horas para terminar e a largada é às 18h, isso significa que boa parte passa duas noites em claro. São longas horas andando ou correndo para finalizar o percurso, de volta a Chamonix, após ter passado por Itália e Suíça.

E o que é isso para o atleta? O minidocumentário “Nuits Blanches”, lançado pelo aplicativo de corridas Strava, traz alguns depoimentos de atletas participantes. Apesar de não necessariamente serem amantes da noite, relatam que o céu estrelado é sem igual.

É de Hiroyasu Tanaka a frase da “sensação maravilhosa” que abre este texto. Outros falam que terminam a prova “sem sono nenhum”.

Nem tudo são louros, no entanto. Dave Pen relata que, na segunda noite da prova, as pedras no chão da trilha eram caveiras. E que as alucinações ficaram ainda piores.

Fato é que ostentar o título de participante da Ultra Trail du Mont Blanc já não é para qualquer um. É preciso somar 15 pontos em três provas, dentro de um rol de competições, realizadas nos últimos dois anos para poder participar do sorteio.

Já o título de “finisher” é mesmo para poucos —para ultracorredores.

O curta está disponível online para quem quiser conhecer alguns desses depoimentos e, quem sabe, se inspirar. As inscrições para a prova de 2020 abrem em 17 de dezembro e vão até 2 de janeiro, pelo site.

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‘Cada km é por ele’, diz atleta que buscou na corrida uma forma de lidar com a perda do irmão https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/2019/10/17/cada-km-e-por-ele-diz-atleta-que-buscou-na-corrida-uma-forma-de-lidar-com-a-perda-do-irmao/ https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/2019/10/17/cada-km-e-por-ele-diz-atleta-que-buscou-na-corrida-uma-forma-de-lidar-com-a-perda-do-irmao/#respond Thu, 17 Oct 2019 14:00:30 +0000 https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/files/2019/10/15712814665da7da3aeba43_1571281466_3x2_md-300x215.jpg https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/?p=229 Só quem já perdeu alguém próximo sabe que o processo de luto não é fácil e que cada um tem uma forma diferente de lidar. A jornalista e maratonista Mônica Magalhães encontrou na corrida esse consolo para a morte prematura do irmão em um acidente de carro.

Ela já praticava o esporte e tinha o irmão como seu grande incentivador. Foi ele quem a fez correr a São Silvestre e é com ele que ela conversa durante os quilômetros percorridos.

Tem uma história de superação na corrida ou participou de uma prova inspiradora? Envie seu relato para o email linhadechegadablog@gmail.com

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Reconheci que precisava de ajuda em meados de 2014. A ficha caiu ao ver uma foto minha. De repente, não me reconhecia na imagem. Naquele momento o sobrepeso já criava sérios problemas de autoestima. Eu sabia que estava caminhando para um quadro de depressão e não conseguiria dar a volta por cima sem apoio.

Com a ajuda da minha mãe, busquei auxílio profissional. Foi o primeiro passo. Eu estava preparada para mudar totalmente meu estilo de vida. Passei a frequentar a academia e a me dedicar a reeducação alimentar.

O convite para a corrida surgiu no mesmo ano e veio do meu pai. Tratava-se de uma prova beneficente, com o valor das inscrições revertido para as crianças de um orfanato em Itaquaquecetuba (SP). Tocada pela causa, aceitei o desafio. Para minha surpresa e felicidade, conclui os 6 km e subi ao pódio como terceira colocada na minha categoria.

Passei a fazer parte do Suando a Camisa —grupo de amigos corredores. Um ano depois, veio a primeira meia maratona. Desde então, tenho tido o privilégio de colecionar boas histórias de superação e bons amigos— chamados carinhosamente de ‘môs benzinhos’.

Meu irmão, meu grande companheiro de jornada, era também o meu maior incentivador e fã. Um dia, quando ele me perguntou por que eu não faria a São Silvestre, me lembro de ter rebatido, como quem olha assustada para um dinossauro. “Tá louco, gordinho?! São QUINZE quilômetros”. A resposta veio com descontração e orgulho: “Você consegue, Moniquinha! Você é atleta”. Ele nunca soube, mas no ano seguinte eu busquei a medalha da tradicional prova para ele.

Dez meses antes de eu cruzar a linha de chegada na avenida Paulista, o perdi em um acidente automobilístico, em fevereiro de 2018. A São Silvestre passou a ter um outro significado na minha vida.

Oito meses após o acidente, durante os primeiros quilômetros da minha primeira maratona trail, fui mais uma vez tomada pelas lágrimas da saudade avassaladora. Cheguei a pensar que não iria até o fim do percurso. Me lembrei daquele sorriso lindo, daquela alegria contagiante e passei a conversar com ele em pensamento. Aos poucos fui me acalmando.

Quando me dei conta, estava sorrindo e cantarolando as músicas que ele adorava. Naquele dia, cruzei a linha de chegada como a quarta colocada na minha categoria e subi ao pódio com o rosto dele estampado na camisa.

A cada medalha conquistada ainda ouço a voz do meu irmão dizendo orgulhoso: “Parabéns, Moniquinha!”. É o que me faz seguir em frente. Eu calço o tênis, não para correr, mas para encontrá-lo e homenageá-lo. É um momento nosso, meu e dele.

É o momento de relembrar os 27 anos em que tive o privilégio de ser a irmã, a cúmplice, a ‘parça’, e a Moniquinha do cara mais incrível que eu já conheci! Por isso, cada passada, cada quilometro é por ele. É para ele. O grande amor da minha vida!

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Queniana Kosgei bate recorde mundial da maratona, que não era superado desde 2003 https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/2019/10/13/queniana-bate-recorde-de-maratona-apos-16-anos/ https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/2019/10/13/queniana-bate-recorde-de-maratona-apos-16-anos/#respond Sun, 13 Oct 2019 14:48:15 +0000 https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/files/2019/10/0-300x215.jpg true https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/?p=201 A queniana Brigid Kosgei bateu o recorde da maratona feminina neste domingo (13) na 42ª Maratona de Chicago com o tempo de 2h14min04seg. A marca anterior, 2h15min25seg, era da britânica Paula Radcliffe, que a conquistou em Londres, em 2003.

Favorita, Kosgei liderou a prova toda com mais de quatro minutos de diferença para a segunda colocada, o que dá mais de 1 quilômetro de distância.

As etíopes Ababel Yeshaneh (2h20min51seg) e Gelete Burka (2h20min55seg) ficaram em segundo e terceiro lugar, respectivamente.

Brigid Kosgei defendia o título conquistado em Chicago no ano passado (2h18min35seg). Este ano, a queniana venceu a prova em Londres, com o tempo de 2h18min20seg.

A africana também detém a melhor marca da temporada na meia maratona, conquistada no Bahrein, em março deste ano, com o tempo de 1h05min28seg.

Melhores tempos de maratonas

  1. 2:14:04 – Brigid Kosgei (QUE) – Chicago 2019
  2. 2:15:25 – Paula Radcliffe (RU) – Londres 2003
  3. 2:17:01 – Mary Keitany (QUE) – Londres 2017
  4. 2:17:08 – Ruth Chepngetich (QUE) – Dubai 2019
  5. 2:17:18 – Paula Radcliffe (RU) – Chicago 2002
  6. 2:17:41 – Worknesh Degefa (ETI) – Dubai 2019
  7. 2:17:42 – Paula Radcliffe (RU) – Londres 2005
  8. 2:17:56 – Tirunesh Dibaba (ETI) – Londres 2017
  9. 2:18:11 – Gladys Cherono (QUE) – Berlim 2018
  10. 2:18:20 – Brigid Kosgei (QUE) – Londres 2019

RESULTADO MASCULINO

Entre os homens, não houve quebra de recorde. O queniano Lawrence Cherono venceu a prova com o tempo de 2h05min45seg. É o oitavo melhor tempo da prova registrado na categoria masculina.

Em segundo lugar, ficou o etíope Dejene Debela (2h05min46seg) e, em terceiro, seu conterrâneo, Asefe Mengstu (2h05min48seg).

MARATONA DE CHICAGO

Enquanto a de Nova York se tornou uma prova globalizada, que reúne atletas de todo mundo, e Boston virou sinônimo de prestígio, por sua rigorosa qualificação, a Maratona de Chicago é onde os corredores vão para obter seus RPs (recordes pessoais).

Isso, claro, dentro dos Estados Unidos, uma vez que Londres e Berlim também são competições conhecidas por verem recordes mundiais.

A cidade do centro-oeste americano ganhou essa fama por seu clima ameno e percurso plano. Entre os 10 melhores tempos das mulheres na história da maratona, 2 foram lá conquistados. Chicago, no entanto, não figura no top 10 masculino.

E se o clima varia entre ameno e frio –na manhã deste domingo, o termômetro marcava 5ºC–, a população de Chicago faz uma recepção calorosa para os 45 mil atletas dos 50 estados americanos e de mais de cem países que participam da prova. Metade dos moradores da cidade, 1,5 milhão, vai para a rua acompanhar a maratona, que é uma das Majors, circuito mundial com as seis principais competições da modalidade.

Além dos espectadores, 12 mil voluntários trabalharam na edição deste ano em 20 postos de ajuda espalhados pelo percurso. Nessas estações há água, isotônico, auxílio médico, além de um spray com gelo a partir do quilômetro 30 para amenizar as dores comuns após este ponto.

Nem sempre, porém, a prova teve toda essa estrutura. Em 1987, dez anos após a estreia, foi realizada uma edição simbólica, que nem entra no histórico da competição. Isso porque não havia patrocinadores para aquele ano.

Melhores tempos de Chicago

MULHERES

  1. 2:14:04 – Brigid Kosgei (QUE) – 2019
  2. 2:17:18 – Paula Radcliffe (RU) – 2002
  3. 2:18:31 – Tirunesh Dibaba (ETI) – 2017
  4. 2:18:35 – Brigid Kosgei (QUE) – 2018
  5. 2:18:47 – Catherine Ndereba (QUE) – 2001
  6. 2:19:57 – Rita Jeptoo (QUE) – 2013
  7. 2:20:42 – Berhane Adere (ETI) – 2006
  8. 2:20:51 – Ababel Yeshaneh (ETI) – 2019
  9. 2:20:55 – Gelete Burka (ETI) – 2019
  10. 2:21:21 – Joan Benoit (EUA) – 1985
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Quem é Kipchoge, o queniano que atingiu marca histórica e completou maratona em menos de 2 h https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/2019/10/12/quem-e-kipchoge-o-queniano-que-conseguiu-bater-a-marca-de-2h-na-maratona/ https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/2019/10/12/quem-e-kipchoge-o-queniano-que-conseguiu-bater-a-marca-de-2h-na-maratona/#respond Sat, 12 Oct 2019 08:16:07 +0000 https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/files/2019/10/1007f5e0-6b9d-42bd-90b2-df984a638aee-300x215.jpg https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/?p=176 Ele conseguiu. Em uma manhã fria vienense, o queniano Eliud Kipchoge, 34, conquistou seu espaço na história das corridas ao completar os 42,195 km da maratona em menos de duas horas. Ele cruzou a linha de chegada do Ineos 1:59 Challenge a 1h59min40seg.

Kip, como é conhecido, há alguns anos já faz parte da calçada da fama dos corredores. Em Berlim, em 2018, bateu o recorde da modalidade, com o tempo de 2h01min39seg. Em abril deste ano, poucas semanas antes de o desafio deste sábado (12) ser anunciado, ele estabeleceu a melhor marca da prova em Londres: 2h02min37seg.

Era a segunda melhor da história até o etíope Kenenisa Bekele vencer a Maratona de Berlim em 2019 com incríveis 2h01min41seg. Ainda assim, Kip detém 3 dos 10 melhores tempos em maratonas.

Apesar dos 10°C que marcavam o termômetro às 8h15 durante a largada em Viena, a população local e turistas apaixonados por corrida estava lá para apoiar o maratonista desde cedo. A maior concentração estava, como era de se esperar, na linha de chegada. Pela internet, a transmissão ao vivo pelo Youtube alcançou mais de 700 mil que acompanhavam o desafio à distância.

E ainda que uma leve neblina cobrisse a capital austríaca, não havia vento para atrapalhar o queniano na seu objetivo de completar a distância da maratona em menos de 2 horas. Ele o fez com o ar tranquilo de quem passeia no parque.

A estratégia adotada, segundo os comentaristas da transmissão oficial, foi correr a segunda metade tão rápida quanto a primeira. Com essa estabilidade, ele percorreu todo o trajeto dez segundos abaixo do seu tempo alvo.

O feito de Kip foi histórico, mas não entra para os melhores tempos. Por ter condições (quase) perfeitas, o desafio não obedece aos requisitos necessários para constar no ranking.

São três os principais fatores para a conquista não entrar para a lista oficial de recordes. Kip não competia com ninguém —o evento foi criado para ele bater a marca. Também os pontos de largada e chegada não possuíam a distância mínima de 21,097 km entre si exigida pela Iaaf (Associação Internacional de Federações de Atletismo). E a utilização de pacemakers —atletas que acompanham o líder na prova para determinar o ritmo— em esquema tático especial para que a melhor performance pudesse ser alcançada.

No total, 41 corredores foram escalados para a tarefa. Como era de se esperar, a mistura de fundistas e meio-fundistas de diferentes nacionalidades contava com alguns dos homens mais rápidos do mundo.

Com seis reservas, as cinco equipes de sete atletas cada contornavam Kip durante o trajeto, sendo cinco na frente e dois atrás. A cada 9,6 km, dois pacemakers eram substituídos.

Um deles era o jovem etíope Selemon Barega, 19, que ganhou a medalha de prata dos 5.000 metros no Mundial de Atletismo de Doha este ano. Ele é o recordista nos 3.000 metros e detém o segundo melhor tempo nos 5.000 metros e nos 10.000 metros.

Outro que acompanhou Kip foi o também queniano Eric Kiptanui, 29, especialista em meia maratonas que ocupa o sétimo lugar no ranking de melhores marcas da modalidade.

Mas quem é Eliud Kipchoge, o maratonista mais rápido da história?

Caçula de cinco filhos, seus pais são pequenos agricultores em Kapsisiywa, a 315 km da capital do Quênia, Nairóbi. Pouco se sabe do pequeno vilarejo onde a estrela da corrida nasceu, em 5 de novembro de 1984, estudou em uma escola para meninos e até hoje treina nas proximidades, no Global Sports Camp, em Kaptagat, a 67 km dali.

Foi na escola que começou a correr, casualmente. O esporte era tanto um hobby que Kip nunca alcançou o nível das competições de seu distrito. Seu cotidiano era dividido entre o hobby, as aulas —o queniano gostava de estudar— e a rotina da pequena fazenda, onde cuidava dos animais e ia buscar água no rio próximo, junto a sua mãe.

Em uma carta escrita pelo próprio atleta para sua versão mais jovem, publicada no site da Iaaf, ele diz: “Crescer em uma fazenda no Quênia rural irá ajudá-lo a desenvolver habilidades que o levarão longe no esporte. Desde cedo, você já possui uma boa ética no trabalho e autodisciplina.”

Após se formar, Kip treinava por conta própria e começou, em 2001, a participar de provas locais de cross-country (em que o terreno varia de terra a grama, montanhoso a plano, e as distâncias ficam entre 4 km e 12 km).

Numa série de competições, ficou em segundo lugar no geral e chamou a atenção do holandês Jos Hermens, seu representante até hoje. Era o começo de uma carreira de precisão infalível, mas que encontrou seus atrasos pelo caminho.

Nas provas que o levariam para o Campeonato Mundial de Cross Country em Dublin, em 2002, ele despontou. Mas ficou doente antes da competição e terminou em quinto. No mesmo ano, triunfou na seleção dos 5.000 metros para o Campeonato Mundial Júnior, a malária, porém, o tirou das pistas da Jamaica.

Sua carreira iria começar a decolar mesmo no ano seguinte, quando um jovem franzino de 18 anos do interior queniano venceu o Mundial de Cross Country em Lausanne, na Suíça. E ainda em 2003, o mundo viu o atleta de 1,67 m de altura vencer os 5.000 metros Mundial de Atletismo de Paris.

Ele superou o marroquino Hicham El Guerrouj, quatro vezes campeão dos 1.500 metros, e o etíope Keninsa Bekele, que vencera os 10.000 metros naquele mundial. Um ano mais tarde, na Olimpíada de Atenas, conquistou a medalha de bronze na modalidade.

Durante os nove anos seguintes, Kip alternou anos em que ia bem nas competições com outros em que sua performance era aquém do esperado. O ponto mais baixo de sua carreira como fundista e meio-fundista foi em 2012, quando ficou de fora da Olimpíada de Londres nos 5.000 metros e 10.000 metros.

Foi nesse mesmo ano, porém, que o queniano fez uma curva em direção à maratona. Em setembro, fez seus primeiros 21,097 km na prova em Lille, na França. Terminou em terceiro lugar. Correu mais algumas provas na distância ainda em 2012 e em 2013 —ano que estreou na modalidade que alçaria seu nome entre os principais atletas do mundo.

Em abril daquele ano, venceu a Maratona de Hamburgo, na Alemanha. Em setembro, perseguiu Wilson Kipsang (que bateu recorde mundial na ocasião) na Maratona de Berlim, mas ficou em segundo lugar. É a única prova da modalidade, das 12 que participou até hoje, em que carrega uma derrota.

A sequência de bons resultados o levou ao desafio Breaking2, da Nike, que o patrocina até hoje. A meta era tão ambiciosa quanto a de agora, mas, por 26 segundos, ele não conseguiu quebrar a barreira das duas horas.

E para além das vitórias em maratonas, a vida do queniano tem duas presenças marcantes: o treinador, Patrick Sang (que o atleta vê muito mais como um mentor e figura paterna, já que nunca conheceu seu pai) e os livros. Ele adora obras de auto-ajuda e biografias.

“Quem Mexeu no Meu Queijo” é o favorito. Para Kip, é tão relevante para um homem de negócios quanto para um atleta e excelente para ajudar a lidar com as mudanças. O queniano já mudou a história da maratona. E agora, qual será seu próximo feito?

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‘A corrida ajudou a salvar a minha vida’, diz corredor que perdeu quase 70 kg https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/2019/08/19/a-corrida-ajudou-a-salvar-a-minha-vida-diz-corredor-que-perdeu-quase-70-kg/ https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/2019/08/19/a-corrida-ajudou-a-salvar-a-minha-vida-diz-corredor-que-perdeu-quase-70-kg/#respond Mon, 19 Aug 2019 12:00:52 +0000 https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/files/2019/08/15659892075d5719572ffc6_1565989207_3x2_md-300x215.jpg https://linhadechegada.blogfolha.uol.com.br/?p=129 A corrida é sinônimo de superação para todos que a praticam. Seja em alcançar a linha de chegada dos seus primeiros quilômetros, diminuir o pace ou vencer pela sétima vez uma maratona, cada treino e cada prova geram uma satisfação única.

Mas o jornalista Carlos Manoel diz que o esporte tem um significado maior: quando começou a correr, renasceu. Até pouco mais de um ano atrás, pesava quase 140 quilos. “Chegou um momento em que meu corpo cansou e gritou por socorro.”

Com sua primeira meia maratona completada no fim de julho —o que reconhece ter sido um risco com pouco tempo de prática—, ele agora quer percorrer ainda mais quilômetros.

Tem uma história de superação na corrida ou participou de uma prova inspiradora? Envie seu relato para o email linhadechegadablog@gmail.com

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Há pouco mais de um ano eu renasci. Pode parecer exagerado para alguns essa minha afirmação, mas sinto que ganhei uma nova chance de viver no dia 20 de julho de 2018. Eu era obeso. Pesava quase 140 quilos na época. Tinha hipertensão arterial e por muito pouco não sofri uma crise hepática devido à grande quantidade de gordura no fígado.

Vivia com dores de cabeça, quase que diárias, além de sérios problemas no estômago, como a gastrite. Colesterol e diabetes estavam sempre no limite. Saía de casa apenas para comer e beber. E comia e bebia como se não houvesse o amanhã, que quase não existiu.

Não tinha disposição para subir escadas, passear com os cachorros, muito menos praticar atividade física. Sofria para amarrar o meu próprio tênis.

Mas até então, para mim essas condições e limitações não tinham importância. Eu simplesmente aceitava e, infelizmente, não fazia nada para mudar.

Só que chegou um momento em que meu corpo cansou e gritou por socorro. A mente demorou um pouco para entender a necessidade, mas acabou atendendo ao pedido e decidi mudar. Fui salvar a minha vida.

No dia 20 de julho de 2018 fui submetido a uma gastrectomia vertical. E consegui superar a obesidade. Hoje peso aproximadamente 70 quilos, não uso mais medicamentos para controlar a pressão arterial e meu fígado é saudável. As dores de cabeça e os problemas no estômago acabaram. Colesterol e diabetes foram totalmente controlados.

O jornalista Carlos Manoel em julho de 2018, quando pesava quase 140 kg (Arquivo pessoal)
O jornalista Carlos Manoel em julho de 2018, quando pesava quase 140 kg (Arquivo pessoal)

E nesse processo de emagrecimento/salvamento de vida, encontrei na corrida uma maneira prazerosa de voltar a praticar atividade física. E desde os primeiros treinos, que tiveram início somente em dezembro passado, após um árduo pós-operatório com direito a dores nas costas e a perda de quase toda massa magra, não parei mais.

Fui evoluindo aos poucos, adquirindo condicionamento físico e em janeiro, exatamente seis meses após a cirurgia, participei da minha primeira corrida. Uma prova de apenas quatro quilômetros aqui na capital paulista, mas o suficiente para ver que estava no caminho certo e que eu tinha que seguir em frente.

Após esta prova vieram os seis quilômetros, oito, 10, 15 e uma meia maratona. Sim, no último dia 27 de julho, pouco mais de um ano após o meu ‘renascimento’, participei de uma meia maratona, a SP City.

E aquilo que era inimaginável para mim e para todos aqueles que me conheciam, aconteceu. Corri 21,097 quilômetros em 2h18min pelas principais ruas e avenidas de São Paulo, a cidade que escolhi para viver e me acolheu tão bem.

Me precipitei em participar de uma meia maratona com pouco mais de seis meses de treino? Talvez. Mas, encarar uma prova desse tamanho era algo desafiador para mim. E eu, como muitos que acompanham o blog, sou movido a desafios. São eles que me fazem sentir vivo.

Mas, assim como tudo o que aconteceu comigo nos últimos meses, a corrida não foi fácil. A ansiedade na largada no Pacaembu, o frio no Minhocão, a emoção em passar pelo centro da cidade, a superação para subir a 23 de Maio, o controle para descer para o Ibirapuera, o cansaço para atravessar os túneis e chegar na marginal Pinheiros e, por fim, a superação, a força que veio do fundo da alma para completar a prova no Jockey Club.

21 quilômetros correndo e pensando em tudo o que aconteceu comigo nos últimos meses, em tudo o que fiz para conseguir superar mais um desafio. E essa reflexão durante o percurso, em meio a centenas de pessoas com os mais variados objetivos, me fez ter ainda mais certeza em continuar correndo, na busca por novos desafios.

A corrida ajudou a salvar a minha vida. Me sinto outra pessoa, literalmente. O próximo passo é me tornar um maratonista. E eu vou conseguir.

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