É possível manter a prática da corrida durante a gravidez?
A descoberta da gravidez pode ser um momento de muita alegria, ansiosamente esperado por mulheres que desejam ter filhos. Junto com ele, vem uma série de preocupações com um novo estilo de vida a ser adotado, pois as atitudes agora impactam duas vidas.
Em meio aos questionamentos para essa nova fase da vida, as gestantes que praticam corrida podem ficar em dúvida se devem ou não continuar a prática.
“Assim que a paciente engravida, orientamos primeiro a avaliar a gestação com o médico, ver realmente se o embrião implantou, se corre bem, não tem descolamento de placenta. Se for gestação normal e não houver nenhum outro risco, está autorizada a fazer a atividade física”, explica a obstetra Lilian Fiorelli.
A atividade, no entanto, deve ser feita com extrema atenção e acompanhamento. Isso porque, com a gestação, já existe uma sobrecarga natural do corpo. “Para poder gerar e nutrir o bebê, a mulher aumenta a quantidade de sangue que circula no corpo em 20%, e a sobrecarga do coração também aumenta em 20%”, diz Fiorelli.
Outra sobrecarga ocorre na região lombar, devido ao crescimento da barriga, que muda o centro de gravidade da gestante. Além disso, por conta do aumento da taxa de progesterona, ligamentos e articulações ficam mais propensos a lesões.
“Se colocar uma gestante para correr, vai forçar ligamentos e articulações que já estão sobrecarregados, forçar assoalho pélvico e coração que já está sobrecarregado.”
Então não pode correr? “Não é proibido. É muito recomendável que faça exercícios, pois liberação hormonal dá sensação de bem estar”, afirma a obstetra. “É importante ter em vista que, se a mulher já corria, vai diminuir um pouco o ritmo para fortalecer musculatura para que não tenha lesão.”
O fortalecimento muscular é importante para todos os corredores, mas, de acordo com Fiorelli, é imprescindível para as gestantes. E, assim como na corrida, é preciso diminuir a carga a que a atleta está habituada.
“Se já fazia [musculação], diminui metade da carga e vai aumentando aos poucos para ver se não está ofegante, se não tem dor local.”
A médica chama a atenção para os exercícios de abdominais, que não são proibidos, mas pouco recomendados. “A barriga vai distendendo e tem maior tendência a diástase, que é o afastamento da parede abdominal.”
Apesar de ser um critério subjetivo, Fiorelli recomenda que a gestante observe sua respiração enquanto pratica a atividade para evitar a sobrecarga. “Se está muito ofegante, entrecorta as palavras para respirar, já passou do limite, precisa reduzir a intensidade.”
E a recomendação principal continua sendo: siga as orientações do seu médico, pois cada caso é único.