Como diminuir a perda de condicionamento físico durante o isolamento por coronavírus

Saudades de correr, né, meu (minha) filho (a)?

A pandemia forçou os corredores a pendurarem seus tênis por um longo período que, na cidade de São Paulo, já passa dos 60 dias desde o fechamento de academias e comércio em geral.

Correr na rua não está proibido, mas parques foram fechados para impedir aglomerações. Além disso, é preciso estar sempre com equipamentos de proteção individual, como máscaras –e, claro, não fazer parte dos grupos de risco, não apresentar sintomas e ir sozinho (a).

E são com essas medidas de proteção que alguns corredores se deparam com problemas. Entre eles, a dificuldade de respirar com uma máscara atrapalha (e muito) a prática, mesmo que seja apenas uma corrida leve para sentir um pouco o vento no rosto e o asfalto embaixo dos tênis.

Para não ficar parado, o jeito tem sido fazer do lar uma pequena academia. E há diversos exercícios que podem ser feitos em casa, com um colchonete, uma cadeira e o peso do próprio corpo.

A corrida, porém, tem demandas específicas, e manter um condicionamento físico mínimo em casa é desafiador. “A corrida de rua se caracteriza por ser uma modalidade contínua e de longa duração. Portanto, a principal demanda cardiorrespiratória está relacionada ao metabolismo aeróbico, em que ocorre aumento da frequência cardíaca, da frequência respiratória e aumento da pressão arterial”, explica Renata Castro, especialista em medicina esportiva.

“Por ser uma atividade de longa duração e de impacto, os sistemas muscular e ósseo também devem estar preparados”, complementa.

A médica destaca que exercícios como pular corda, subir escada, correr no mesmo lugar com elevação de joelhos e calcanhares, além de polichinelos, são recomendados para manter ou diminuir a perda do condicionamento cardiorrespiratório.

Já o muscular, é preciso focar membros inferiores, com agachamentos, saltos, elevação de panturrilha, avanço e elevação de pernas, por exemplo.

Castro ressalta ainda que é preciso estar atento à execução correta do exercício para evitar lesões e ao nível de intensidade que se consegue manter. “É importante lembrar que cada pessoa tem um nível de treinamento, e a carga e a progressão deverão respeitar a individualidade de cada um.”

Nessa questão, a médica explica que as lives de exercício ajudam a manter o condicionamento, mas apresentam perigos a pessoas pouco condicionadas ou com doenças, por vezes desconhecidas.

“[Essas pessoas] terão maior risco de se lesionar ou mesmo apresentar sintomas cardiovasculares ao tentar realizar os exercícios de uma aula que não é individualizada e, muitas vezes, é bastante intensa.”

O respeito aos limites do próprio corpo é fundamental ainda para não reduzir a imunidade, pois treinos intensos podem enfraquecer o sistema imunológico. “Neste momento, o mais importante é manter a condição física e tentar melhoras progressivas.”