Uso de máscaras e lesões na corrida: como fica a volta dos exercícios ao ar livre

Depois de quase quatro meses fechados, os parques reabriram em São Paulo nesta segunda-feira (13), ainda que com horários mais restritos e adoção de medidas de proteção.

Outras cidades já haviam flexibilizado o funcionamento dessas áreas, como em Florianópolis, que passou a fechar nos fins de semana após aumento de casos, ou permitido exercícios na rua, como no Rio.

Na capital paulista, a reabertura é um convite para quem não via a hora de sair de casa e praticar uma atividade ao ar livre. O momento, no entanto, é de precaução extrema, não só devido à pandemia de coronavírus, que ainda não chegou ao seu pico no Brasil, mas também para evitar lesões.

“Neste momento, o mais importante é manter a condição física e tentar melhoras progressivas”, explica a especialista em medicina esportiva Renata Castro. “Treinos intensos podem reduzir a imunidade. Portanto, quem ficou parado durante todos esses meses de isolamento deve começar treinos de baixa intensidade e ir progredindo aos poucos.”

Com as corridas de rua suspensas e aquela prova alvo sem data marcada para acontecer, há tempo para que essa progressão seja feita sem pressa. É importante também não tentar voltar logo na primeira saída ao nível que se praticava no pré-isolamento, o que é um convite às lesões.

A prática da corrida deve ainda estar atrelada ao fortalecimento muscular. As academias ensaiam uma reabertura, mas nem todas estão em funcionamento. Há, porém, exercícios que se pode fazer de casa, com o peso do próprio corpo ou com utensílios domésticos, como garrafas d’água.

Além disso, e principalmente neste momento, é importante saber seus próprios limites, afirma Castro. “A individualidade de cada um deve ser respeitada. Por isso, considero prudente, sempre que possível, a busca de um profissional que possa individualizar seu treino.”

Outra questão frequente na prática de exercícios ao ar livre em meio à pandemia é o uso de máscaras. Ao mesmo tempo em que geram uma barreira para o coronavírus, esses equipamentos dificultam um pouco a passagem do ar.

Mas, afinal, há riscos de se exercitar de máscara? “Muitas pessoas comentaram que o uso da máscara poderia facilitar a reinalação do gás carbônico”, diz a médica. “O espaço que sobra entre nosso rosto e a máscara é insuficiente para acumular grandes quantidades. Além disso, o ar expirado não é formado 100% por este gás.”

Assim, não existe o perigo de reinalação tóxica com o uso da proteção.

Não é qualquer equipamento, porém, o adequado para usar durante a corrida. A máscara N-95, por exemplo, impede muito a passagem do ar e não deve ser usada a para a prática de atividade física.

Já as cirúrgicas, segundo um estudo na revista Clinical Research in Cardiology que avaliou a resposta de 12 homens durante o teste cardiopulmonar, apresentaram uma limitação relevante em atividades com intensidade de esforço muito intensa –e que devem ser evitadas nessa retomada pós-isolamento.

A adoção das máscaras durante a corrida pode ser difícil, afinal, todo novo hábito é. O fato é que elas são obrigatórias e não devem ser substituídas pela proteção de acrílico. Há algumas formas, entretanto, para tentar aliviar o desconforto.

“Escolha uma máscara que permita a passagem do ar, que não impeça de respirar em repouso e se adapte bem ao rosto, sem deixar folgas, mas também sem que seja muito desconfortável”, aconselha Castro.

É sensato testar em casa antes de sair correndo. “Verifique se está confortável. Se não estiver confortável em repouso, ela não é a máscara ideal para você praticar exercícios.”

No Ao Vivo em Casa da Folha sobre exercícios físicos, o educador físico Diego Zanotto recomendou ainda a adoção de um equipamento que seja estruturado, para não acompanhar o movimento da respiração, dificultando ainda mais a passagem do ar.

Por fim, é importante também que a máscara não fique molhada, o que diminui sua eficácia. Para evitar isso, recomenda-se levar um equipamento extra.