Em prova nos EUA, correr de roupa é opcional, mas máscara é obrigatória
Muito se fala que a corrida é um esporte democrático, por não exigir nada além de um par de tênis. Para os participantes da Bouncing Buns Clothing Optional 5K (algo como 5K dos Bumbuns Saltitantes de Roupa Opcional), isso não poderia ser mais verdade.
A prova de 5 km, realizada em um resort de nudismo na Pensilvânia, reúne participantes de diferentes estados, vestidos de diferentes formas. Muitos usam apenas tênis, mas há mulheres de tops, corredores de chapéus e até mesmo aqueles que vão só pela corrida –ainda mais em um ano em que elas estão tão escassas– e participam de roupa. Um item, porém, foi obrigatório na edição de 2020: máscara (quando o atleta estivesse em meio a outros).
Autora da newsletter de corrida semanal do New York Times, Jen Miller participou da edição deste ano e contou sua experiência em um texto para o jornal americano. Ela afirma que, devido à pandemia, se interessou pela divertida prova, já que tantas outras foram canceladas.
O 5K dos Bumbuns Saltitantes é realizado há 13 anos no resort nudista Sunny Rest, fundado em 1945. Apesar da proposta divertida da corrida, os organizadores estão cientes do tabu em torno do nudismo e mantêm um certo anonimato ao publicar os resultados: somente se vê o primeiro nome, a inicial do último sobrenome e o estado do participante.
O tabu ligado à falta de roupas, no entanto, fica do lado de fora dos portões do resort. Em seu relato, Jen destaca que não sentiu, em nenhum momento, que as pessoas analisavam seu corpo, “desde as mulheres nuas em um trailer que torciam até o homem nu fazendo agachamentos no seu deque”.
“A corrida não tinha nenhuma sexualização, e eu não me preocupei com que partes do meu corpo não estavam perfeitamente lisas e macias, que partes mexiam a cada passada. Eu era apenas outro corpo em movimento”, relata Jen.
Um dos participantes da prova com quem a jornalista conversou corrobora a visão da iniciante. “Não é um ‘Girls Gone Wild’ (vídeos em que mulheres em festas se exibem para as câmeras, muitas vezes ficando nuas)”, afirmou Bruce Freeburger, 69, dono do site naked5k.com. Segundo a reportagem, ele acredita que corredores nus tendem a ser “altruístas e mais desportistas”.
E para receber esses atletas como vieram ao mundo, toda a equipe de apoio, inclusive na distribuição dos kits com camiseta e número de peito, seguia o “dress code” local, usando apenas luvas e máscaras. A (falta de) vestimenta se estendia também àqueles que acompanhavam a corrida.
Jen, no entanto, não estava totalmente sem roupas. “Para me preparar para a experiência, eu tentei correr completamente nua em uma esteira no meu porão e decidi que ir sem top era impraticável para mim”, escreveu a jornalista. “Então eu decidi ir como o Pato Donald e usei um chapéu e um top, mas nada na parte de baixo.”
Além disso, ela usou muito protetor solar, já que a corrida foi em meio ao verão no hemisfério Norte (inverno no Brasil).
E por ter sido uma prova realizada durante a pandemia, além de um baixo número de participantes (115, segundo Jen), na largada e durante a prova o distanciamento era obrigatório. Na hora da partida, o organizador Ron Horn pediu para que todos estendessem o braço para os lados, para se certificar que mantinham uma distância mínima de seus colegas.
Fora a falta de roupas e as medidas de prevenção contra o coronavírus, Jen afirma que se sentiu como em uma prova normal. “A energia era um pouco mais animada do que nas corridas tradicionais –quase leviana.”