Como será o futuro das corridas de rua, que devem retornar em dezembro em SP
Distanciamento social, uso de máscaras e higienização com álcool em gel constante. As recomendações para prevenção do coronavírus, que já se tornaram hábitos para muitos, estendem-se também ao possível (e aguardado) retorno das corridas de rua, suspensas em São Paulo desde março.
A previsão do presidente da Abraceo (Associação Brasileira de Corridas de Rua e Esportes Outdoor), Paulo Carelli, é que em dezembro já devemos ter provas pelas ruas da capital paulista.
Na manhã deste domingo (25), a Abraceo, em conjunto com algumas das principais realizadoras de provas no Brasil e apoio da Prefeitura de São Paulo, organizou um evento com baixo número de participantes para testar os protocolos desenvolvidos entre abril e julho, quando o documento foi publicado e recebeu parecer favorável.
Desde então, aguardava-se que a situação da pandemia estivesse mais controlada para testar a aplicação das medidas.
Os 138 participantes realizaram a inscrição virtual –nada estranho para quem já frequenta provas. Já a retirada do kit um dia antes da prova, no sábado (24), foi organizada em faixas de horário pré-determinadas pelo fim do CPF do atleta, com dois horários disponíveis ao longo do dia para cada par de números.
Além do questionário de praxe, os inscritos precisaram preencher um formulário no site da Federação Paulista de Atletismo, que emitiu alvará para a prova, com perguntas sobre sintomas relacionados à Covid-19. Esse seria um primeiro impeditivo para que pessoas possivelmente infectadas –e sintomáticas– não participassem do evento, com chances de passar a doença para outros atletas.
Outra barreira foi a medição de temperatura na entrada do Sambódromo do Anhembi, onde a prova foi realizada. Aqueles que apresentassem mais do que 37,5°C no termômetro também não poderiam participar.
Toda a equipe de apoio usava máscaras, cobertura facial e luvas, e havia totens de álcool em gel disponíveis. Até aí, para entrar em estabelecimentos de comércio paulistas todos passam (ou deveriam passar) pelas mesmas medidas.
As principais diferenças estavam ligadas à corrida em si. O baixo número de atletas ajudou a evitar aglomerações, em especial no guarda-volumes e nos banheiros –sonho de todo participante de corrida de rua, não havia filas.
A largada foi organizada por pelotões de acordo com o ritmo, prática também comum nas principais provas, mas com cones que determinavam a distância a ser mantida entre os atletas.
Cada pelotão largava 30 segundos após o anterior, e havia recomendação, no folheto informativo que veio no kit, de ultrapassar somente quando fosse possível manter certo distanciamento. O circuito de 5 km da prova era fechado, dentro do sambódromo, com duas voltas.
Nele, foi possível ver um pouquinho das obras realizadas no local para que ele seja um centro de lazer com ciclovia, aberto aos fins de semana a partir de sábado (31) para a população.
Por ser uma corrida com número bem reduzido de atletas, não houve as aglomerações comuns no ponto de hidratação, mas havia um ponto de apoio a mais que chamou a atenção –com mesa, lenço antisséptico, álcool em gel e uma equipe para verificar se havia alguma intercorrência com os participantes.
No fim da prova, água e medalha –embalada em saco plástico individual higienizado na hora da entrega– para os concluintes. No lugar de frutas e/ou isotônicos, no entanto, os atletas receberam um saquinho de álcool em gel.
As mensagens do locutor da corrida, além de empolgarem os atletas, lembravam frequentemente a necessidade de manter o distanciamento. A máscara foi obrigatória durante (quase) 100% do tempo –a exceção era para beber água.
O evento todo foi acompanhado por autoridades de saúde, para verificar o que será necessário ajustar para que as provas de fato retornem. Segundo Carelli, o que foi visto neste domingo será o que os atletas irão experimentar nas corridas de rua, com pequenas mudanças mais técnicas, em sua maioria não perceptíveis ao público.
“Uma sugestão, por exemplo, é que, em função do horário das largadas, a gente também marque horários para as pessoas chegarem ao evento. Mesmo sendo em pelotões, todo mundo chegou perto das 7h aqui hoje”, disse o presidente da Abraceo.
A expectativa agora fica para as provas tradicionais retornarem. Carelli afirmou que as menores já devem voltar em dezembro, com 30% da capacidade que possuíam anteriormente. “A partir do começo do ano que vem, a gente deve ir retomando esse calendário e aumentando a capacidade, à medida que os números [do coronavírus] forem se tornando positivos.”
O que não mudou neste teste e que deve permanecer na volta oficial das provas são os diferentes perfis dos atletas. Tem aqueles do pelotão que dispara para o pódio, os intermediários, que correm num ótimo ritmo, os da retaguarda (um salve para o pessoal do pace 7+, do qual faço parte) e os que misturam caminhada e corrida –porque, afinal, o que importa é se mexer.