Corrida de rua terá prova-teste de protocolos com mais de mil participantes em SP
A espera pela volta das provas de corrida de rua vem se acumulando com o passar dos meses desde que elas foram suspensas em março do ano passado, em São Paulo. A boa notícia é que, com o avanço da vacinação e a flexibilização das restrições no estado, já é possível vislumbrar um futuro com competições.
O primeiro gostinho desse retorno será no dia 29 de agosto, com um evento-modelo que irá reunir 1.200 atletas no Parque do Povo, zona oeste da capital paulista. A Volta SP 10k terá dois trajetos, de 5 km e 10 km, com largada em frente ao parque, na marginal Pinheiros. As inscrições ficam abertas até o dia 19 de agosto ou enquanto durarem as vagas.
Os moldes para a realização do evento serão quase os mesmos testados em outubro do ano passado, na corrida de protocolos que reuniu cerca de 200 participantes no Sambódromo Anhembi-Morumbi: marcações para determinar distanciamento, largada em ondas, uso de máscara e higienização das mãos.
Os postos de hidratação também funcionarão de maneira diferente do que se está acostumado, já que os copos serão higienizados e disponibilizados sobre uma mesa, evitando que os participantes tenham que mergulhar a mão em um balde com gelo e água.
Uma diferença entre os dois eventos será a necessidade de apresentar um teste com resultado negativo para a Covid-19 antes da prova. Poderá tanto ser o PCR coletado até 48 horas antes do evento ou um de antígeno nasal realizado na retirada dos kits. O inscrito pode ir atrás do exame por conta própria ou adquirir como produto adicional à inscrição, no valor de R$ 69,90.
“O que é diferente é que aquele evento foi para 200 pessoas num lugar fechado, não houve necessidade de testes e não existia perspectiva de vacina”, lembra Paulo Carelli, presidente da Abraceo (Associação Brasileira de Corridas de Rua e Esportes Outdoor), que organiza a corrida-modelo. “Os números estavam baixando, mas veio aquela segunda onda, e isso impossibilitou todo o avanço dessa perspectiva de realização de eventos.” A expectativa, na época, era que os eventos retornassem em dezembro.
Para evitar a participação de pipocas —que aproveitam a infraestrutura da prova para correr—, Carelli explica que foi escolhida uma forma de acesso por um viaduto, para tentar garantir apenas a entrada de quem se inscreveu.
Uma prova para verificar esses protocolos foi realizada no domingo (1º), em Florianópolis. Com saída na Beira-mar Continental, houve medição de temperatura, marcação para distanciamento dos atletas e largada em ondas. Para o secretário Municipal de Cultura, Esporte e Lazer da capital catarinense, Ed Pereira, “ficou provado ser possível realizarmos eventos neste formato”, afirmou, segundo comunicado da Abraceo. “Tudo foi muito bem controlado e organizado.”
O resultado do evento paulista é crucial para determinar o futuro das corridas de rua no estado, que teve seu mercado, como muitos outros, fortemente impactado pela pandemia. “Muita gente teve que buscar alternativas em termos de negócios”, diz o presidente da Abraceo. “As corridas virtuais não suprem de forma alguma, não são nem relevantes como uma alternativa para gerar recursos, servem para manter uma conexão com um público mais aventurado.”
Assim, a demanda pela volta é grande, explica Eduardo Aranibar, subsecretário de Competitividade da Indústria, Comércio e Serviços da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do governo de São Paulo. Apesar da flexibilização quase total no estado a partir do dia 17 de agosto, as corridas de rua não estão inclusas nesta etapa do plano.
“É um tipo de evento que tem fatores superpositivos, em relação à segurança [ligada à pandemia], por ser em espaço arejado, ambientes mais amplos, que são mais seguros quanto à propagação da Covid”, pontua. “Ao mesmo tempo, são muitas pessoas aglomeradas, que transpiram e respiram com mais intensidade, por isso a importância de fazer eventos-modelo.”
Além da corrida de rua, outros trinta eventos-modelo serão realizados pelo governo, sendo 14 sociais, 12 de economia criativa, 2 esportivos e 2 de negócios, nos meses de agosto, setembro e outubro. Apenas depois, segundo Aranibar, deve-se obter um cenário mais claro de retorno das provas, mas a expectativa é que isso ocorra antes do fim do ano, a depender da evolução da pandemia.
Apesar da ansiedade pela volta das provas, a precaução precisa ser a palavra da vez. Especialistas recomendam uma flexibilização total apenas com mais de 70% da população completamente imunizada —o que vai, inclusive, de encontro com o plano do governo paulista de relaxar medidas quando prevê ter vacinado todos os adultos com ao menos a primeira dose.
Exemplos não faltam, como na Holanda e nos EUA que, após caminharem para uma reabertura ampla com percentual de completamente vacinados abaixo dos 70% recomendados, voltaram atrás em algumas medidas ao registrarem um pico de casos.
O cenário se torna ainda mais perigoso com o avanço da variante delta, identificada primeiro na Índia e cerca de 50% mais contagiosa. Segundo a última pesquisa de prevalência React-1 do Imperial College do Reino Unido, a vacinação completa reduz pela metade a transmissão desta cepa e é 60% eficaz na prevenção de sintomas da Covid-19. Logo, as duas doses dos imunizantes (ou a dose única no caso da Janssen) são fundamentais para qualquer tipo de avanço.