Clube de assinatura de corridas virtuais estimula competição em tempos pandêmicos

Não é nenhuma novidade para você, corredor-leitor do blog, que sentimos muita falta das provas de corrida de rua. Ainda que haja uma perspectiva de retorno dos eventos, com a realização de testes para adequar a competição a essa nova realidade, estamos, em São Paulo, há quase 17 meses sem sentir aquele frio na barriga na largada e a sensação de dever cumprido ao cruzar a linha de chegada.

As provas virtuais ganharam força nesse período, mas as dinâmicas de entrega de kit e medalha, em sua maioria, não têm o mesmo atrativo, já que a recompensa vem antes mesmo da meta cumprida. Além disso, com estruturas menores, os kits foram impactados —devido também à necessidade das empresas, que têm enfrentado dificuldades para se manter nesse período.

Para suprir essa demanda e estimular corredores Brasil afora, três amigos decidiram lançar o Corrida Virtual Brasil, um clube de assinaturas em que o participante paga um valor mensal para ganhar um kit e, se completar a distância, levar a medalha.

O assinante Rafael Ursaia, 38, de São Paulo (Divulgação)
O assinante Rafael Ursaia, 38, de São Paulo (Divulgação)

A ideia surgiu de três sócios e amigos, Bárbara Coutinho, Leandro Rosa e Marcelo Olaso. O começo da história é anterior mesmo à pandemia, quando Olaso, que trabalha na área de informática, fez uma viagem para a Inglaterra em 2016 e viu que era tendência na Europa as corridas virtuais. No fim daquele ano, propôs a criação da empresa aos amigos, que atuam na área de eventos, mas o negócio não vingou.

Quando a crise sanitária se instalou, eles retomaram a ideia, mas queriam oferecer um diferencial, uma vez que as provas virtuais já estavam disseminadas do lado de cá do Atlântico. “Pensamos no clube de assinatura, vimos que não existia nenhum desse tipo e achamos que seria bacana para criar uma rotina”, explica Coutinho. “As pessoas precisam se exercitar e sem aglomeração.”

Para ela, a grande vantagem é poder fazer a prova individualmente, sem depender de grupo, em qualquer hora e lugar. A questão de participar não importando onde o corredor está também é uma forma de democratizar a competição, avalia Rosa. “As grandes capitais têm sua corrida de rua, não têm carência nesse sentido. No interior, tem, e às vezes é preciso se deslocar [para competir].”

Com cerca de 60 participantes espalhados por diversos estados do Brasil, o engajamento para manter os corredores motivados também é virtual, por meio das redes sociais. “A gente estimula, manda nas instruções que poste a foto e marque o Corrida Virtual Brasil”, explica Coutinho. “Entendemos que o conceito de corrida virtual precisa ser preenchido, postar faz parte desse ambiente. Quando posta, sempre tem alguém falando, as pessoas são estimuladas para isso, queremos que elas estejam em movimento”, diz Rosa.

Os corredores, segundo Coutinho, são em sua maioria amadores. “Tem ex-bariátrico, dona de casa, é cidadão comum que fica postando para incentivar outras pessoas, mostrar a vida saudável.” Dentro do ambiente virtual, os assinantes recebem ainda dicas de uma educadora física e de uma nutricionista sobre treinos, alimentação, as melhores práticas, em um grupo exclusivo no Facebook.

Ao custo de R$ 89,90 no plano anual ou R$ 99,90 no semestral e R$ 109,90 no mensal, os kits recebidos vêm com a camiseta, cupons de desconto e itens como toalha refrescante e cadarço elástico. Ele chega até o dia 20 de cada mês e o assinante tem até o dia 30 para validar a corrida. A inscrição é pelo site.

Com o retorno das provas presenciais que surge no horizonte, Coutinho explica que já existem planos para o pós-pandemia. A ideia, para quando as aglomerações estiverem liberadas, é estimular encontros entre atletas da mesma cidade, para correr ao mesmo tempo com outros espalhados pelo Brasil.