Após polêmica com tênis da Nike, é a vez de Adidas dizer que continuará a testar limites
Depois de a Nike mergulhar em diferentes polêmicas devido à tecnologia empregada em seus sapatos, o presidente da Adidas, Kasper Rorsted, afirmou que a marca alemã vai continuar insistindo em inovações, apesar de uma controvérsia de que os calçados teriam dado vantagem indevida aos atletas nas Olimpíadas de Tóquio.
“As regras descrevem claramente que tipo de especificação os tênis precisam cumprir”, afirmou o executivo na última quinta (5). “Todos estão ultrapassando os limites, e a regulação do COI [Comitê Olímpico Internacional] é bem clara ao definir quais limites são permitidos, e essa é a melhor forma de dizer o que é justo.”
A tecnologia “boost” no solado da Adidas, que ajuda na impulsão, foi apontada como tendo auxiliado Dennis Kimetto a quebrar o recorde da maratona em 2014. Mais recentemente, no entanto, a concorrente americana Nike inseriu a placa de carbono na sua linha Alphafly.
Os primeiros modelos começaram a surgir na Rio-2016. Desde então, o queniano Eliud Kipchoge (atual bicampeão olímpico) conquistou feito histórico, ao correr os 42 km da maratona (em condições especiais, não reconhecidas como recorde) em menos de duas horas em 2019 com esses protótipos da Nike.
Ele também cruzou a linha de chegada em Berlim, em 2018, quando quebrou o recorde da prova (2h01min39) com um par experimental da empresa americana nos pés —tirando a marca de Kimetto.
Sua conterrânea, Brigid Kosgei, calçava tênis do mesmo tipo ao conquistar a melhor marca da maratona feminina (2h14min04) em Chicago, em 2019. O também queniano Geoffrey Kamworor foi outro patrocinado pela empresa a quebrar um recorde, da meia maratona (58min01seg), em Copenhague, no ano passado.
A hegemonia da marca americana, porém, parece ter sido abalada em 2020, com duas quebras de recorde na meia maratona em que os calçados que cruzaram a linha chegada eram de sua concorrente direta, a Adidas. A marca alemã lançou, no fim de junho, o Adizero Adios Pro para fazer frente ao Air Zoom Alphafly Next%.
No início de setembro, a queniana Peres Jepchirchir (atual campeã olímpica) completou a Meia Maratona de Praga em 1h05min34seg e baixou em 37 segundos o recorde da prova feminina. Cerca de um mês e meio depois, ela tirou 18 segundos da própria marca no Mundial de Meia Maratona em Gdynia, na Polônia.
A federação internacional de atletismo, World Athletics, viu-se fortemente pressionada para regulamentar melhor a questão após a sequência de marcas com os calçados da Nike. Havia, inclusive, acusações de quebra de regulamento, pois a organização determinava que os tênis “devem ser elaborados de forma que não dê aos atletas qualquer ajuda ou vantagem injusta” e que os calçados deveriam estar “razoavelmente disponível para todos”.
Com um texto vago, a polêmica levou a World Athletics a estabelecer novas regras, divulgadas em janeiro do ano passado. A principal norma para os eventos de rua é que os calçados não podem ter mais do que 40 mm na espessura da sola e não devem conter mais do que uma placa rígida de fibra de carbono incorporada.
Mesmo com toda a polêmica, o presidente da Adidas foi bem claro quanto a sua opinião sobre as melhorias, indicando que a marca não irá recuar. “O que fazemos é ir além dos limites para checar que tipo de produtos é possível inovar ao longo do tempo para que você não se limite.”
(Com Reuters)